EXPANSÃO DA BIOENERGIA ATRAVÉS DE RESPIRATÓRIOS
Prána significa bioenergia; ayáma, expansão, largura, intensidade, elevação. Pránáyáma designa as técnicas, quase sempre respiratórias, que conduzem à intensificação ou expansão do prána no organismo.
PRÁNA
Prána é o nome genérico pelo qual o Yôga designa qualquer tipo de energia manifestada biologicamente. Em princípio, prána é energia de origem solar, mas podendo também ser assimilada pelo corpo humano mediante a sua absorção pelo ar, água e alimentos. O prána, genérico, divide-se em cinco pránas, que são: prána, apána, udána, samána e vyána. Estes subdividem-se em vários subpránas.
O prána é visível. Num dia de sol, faça pránáyáma e fixe o olhar no vazio azul do céu. Aguarde. Assim que o aparato da visão se acomodar você começará a enxergar miríades de minúsculos pontos brilhantes incrivelmente dinâmicos, que cintilam descrevendo rápidos movimentos circulares e sinuosos. Certifique-se de que não se trata de “fenômeno entóptico do campo azul”. Para tanto, faça a seguinte experiência: pratique bastante bhastriká e observe o ar à sua volta, sem olhar para o céu azul. Se você conseguir reproduzir a mesma percepção é porque, provavelmente, está conseguindo enxergar o prána no ar. O bhujangásana, às vezes, produz o mesmo efeito. Ao executar seus respiratórios, mentalize que está absorvendo essa imagem de energia.
ESCLARECIMENTOS PRÉVIOS
A respiração yôgi (jamais escreva yogui ou yogue) deve ser sempre nasal, silenciosa e completa, salvo instrução em contrário. Deve ser feita com a participação da musculatura abdominal, intercostal e torácica, promovendo um aproveitamento muito maior da capacidade pulmonar. Quando a respiração tiver que ser com inspiração ou expiração pela boca ou, ainda, quando tiver que produzir algum ruído, isso será explicitado na
descrição. Portanto, fica esclarecido desde já, que quando algum desses procedimentos ocorrer, tratar-se-á de exceção.
FASES DA RESPIRAÇÃO
As fases da respiração têm os seguintes nomes:
ψ inspiração – púraka | |
ψ retenção com ar – kumbhaka; | |
ψ expiração – rêchaka |
ψ retenção sem ar – shúnyaka.
PÚRAKA
Sempre que inspirar, mentalize que está absorvendo o prána em suspensão no ar. Visualize o prána. Procure sentir um prazer intenso no ato de inspirar essa vitalidade, como o que experimenta ao ingerir um saboroso alimento.
KUMBHAKA
Ao reter o alento evite prender a respiração por tempo excessivo a ponto de causar ansiedade ou taquicardia. O progresso deve ser gradativo para ser saudável. A retenção do ar nos pulmões é mais fácil e confortável se o praticante não encher demais o peito. Deve preenchê-lo até o limite máximo apenas nos pránáyámas sem retenção ou com retenção curta. Aí, visará a aumentar a capacidade pulmonar.
Pode ocorrer tonteira quando o praticante for novato ou quando executar muitos pránáyámas. Isso é natural devido ao aumento de oxigênio no corpo. Em princípio, não deve preocupar, desde que a saúde da pessoa seja normal. Nos ásanas, também pode ocorrer tonteira pela mesma razão, especialmente no bhujangásana. Mas é sempre aconselhável consultar o seu instrutor para saber se não se trata de alguma execução errada, a qual pode vir a ter consequências indesejáveis. Técnicas com retenção ou ritmo, exigem acompanhamento de um instrutor formado e nunca de um aventureiro. Registre-se que as retenções muito longas não são isentas de riscos e requerem a saúde perfeita do praticante.
RÊCHAKA
Muitos instrutores de outras modalidades mandam mentalizar que suas doenças, males, vícios, defeitos e “tudo o que você tiver de ruim”, está sendo expelido junto com o ar exalado. Pessoalmente, não gosto dessa mentalização, pois ela carrega consigo a sugestão de que você tem “coisas ruins” dentro de você. E, ainda por cima, aceita poluir o ambiente onde pratica o seu Yôga, excretando tais vibrações indesejáveis, deixando-as ali para que outros eventualmente as contraiam. Seu local de prática deve ser limpo no plano físico denso e nos demais também. Portanto, ao expirar, mentalize que está lançando no universo o que você tem de melhor, saúde, alegria, carinho, companheirismo e tudo o mais que você puder se lembrar de positivo.
SHÚNYAKA
O shúnyaka prolongado (assim como o kumbhaka muito longo) produz intoxicação de CO2, o que pode auxiliar o chitta vritti nirôdhah (Yôga Sútra, capítulo I, sútra 2), porém, só deve ser praticado com muita cautela e sempre sob a supervisão direta de um Mestre. Em princípio, por livro, não deve ser executado.