YÔGANIDRÁ

TÉCNICA DE DESCONTRAÇÃO

 

Deveríamos ser como as águas dos riachos 

que, tranquilamente, contornam os obstáculos.

DeRose

 

Yôganidrá é o relaxamento que auxilia o yôgin na assimilação e manifestação dos efeitos produzidos por todos os angas. A eles, somam-se os próprios efeitos de uma boa descontração muscular e nervosa.

 

Não confunda yôganidrá com shavásana. Alguns tipos de Yôga não possuem em seu acervo a ciência da descontração denominada yôganidrá, que é de tradição tântrica, e encerram suas práticas com o shavásana. Este, como o próprio nome já diz, é apenas um ásana, uma posição de relaxamento. O yôganidrá aplica não apenas a melhor posição para relaxar, mas também a melhor respiração, a melhor inclinação em relação à gravidade, o melhor tipo de som, de iluminação, de cor, de perfume, de indução verbal etc.

 

Antes de prosseguirmos, vamos precaver-nos contra um equívoco recalcitrante. É considerada gafe muito séria confundir Yôga com relaxamento. Como você já percebeu, até este ponto já consumimos centenas de páginas e ainda não falamos desse assunto, a não ser en passant. Na verdade, só nos últimos tempos é que o Yôga foi associado a conceitos como paz e tranquilidade. Nas Escrituras antigas o Yôga sempre esteve ligado a ideias de força, poder e energia. Jamais à calma ou relaxamento. Isso é coisa da sociedade de consumo (a Índia já está importando essa interpretação ocidental). O equívoco surgiu porque tem muita gente leiga dando aulas sem qualquer habilitação já que o consumidor não lhes cobra um certificado de formação profissional. 

 

A que se deve essa distorção? Deve-se à desinformatite aguda. A mesma que leva as pessoas a associar Karatê com alguém que dá um grito e quebra uma tábua. Isso é uma caricatura. A imagem que as pessoas têm do Yôga também é uma mera sátira que não faz jus à estatura da nossa filosofia de vida. O Yôga requer muito menos paciência que qualquer esporte ou arte. Por outro lado, a relação custo/benefício é excelente, por exemplo, na intensidade, rapidez e segurança com que atua, proporcionando flexibilidade corporal, fortalecimento muscular e vitalização de toda a estrutura biológica. 

 

Se uma pessoa aprende a respirar melhor, administrar o stress, concentrar-se melhor, trabalhar o corpo, alongando a musculatura, melhorando a postura, beneficiando órgãos internos, recebe um vigoroso incremento de vitalidade generalizada. Com a aquisição de tanta energia, os efeitos logo extrapolam o plano denso e começam a atuar no setor mais sutil como o desenvolvimento de chakras (centros energéticos), o despertamento da kundaliní e suas consequentes paranormalidades. Daí à meta, que é o samádhi, é um passo.

 

A parte mais sutil e interna só é desenvolvida se o praticante desejar. Caso contrário, ele se restringe ao trabalho orgânico que é a base de tudo. Como você pode perceber, nesse universo de técnicas e de efeitos, o relaxamento é uma parte insignificante no cômputo geral.

 

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